O cinema brasileiro brilhou intensamente no Festival de Cinema de Cannes neste sábado (24). Wagner Moura, de 48 anos, foi premiado como Melhor Ator por sua atuação no thriller político O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho. O cineasta, por sua vez, também foi consagrado com o troféu de Melhor Diretor, tornando a noite histórica para o Brasil.
Kleber subiu ao palco duas vezes: a primeira para receber o prêmio em nome de Wagner Moura, que não pôde comparecer ao evento, e a segunda para celebrar sua própria conquista. Em um discurso emocionado, o diretor elogiou o protagonista: “Eu tive muita sorte de ter a oportunidade de trabalhar com o Wagner Moura. Ele não é apenas um ótimo ator, mas é também uma ótima pessoa. Eu o amo muito. Eu espero que O Agente Secreto traga muitas coisas a eles.”
Além dos prêmios principais, o filme também foi agraciado com dois importantes troféus paralelos: o Fipresci Prize, concedido pela Federação Internacional de Críticos de Cinema ao melhor longa da seleção oficial, e o Prix du Cinéma Art et Essai, dos exibidores independentes.
A crítica foi unânime ao reconhecer a potência e profundidade do longa: “Escolhemos um filme que tem uma generosidade romanística e épica; um filme que permite digressão, diversão, humor e caráter para evocar um tempo e lugar e uma história rica, estranha e profundamente preocupante de corrupção e opressão”, destacou a Fipresci. “Um filme que faz suas próprias regras, que é pessoal, mas universal, que leva seu tempo e mergulha você em um mundo – o mundo do Brasil governado pelos militares em 1977 e o mundo das pessoas boas em tempos ruins.”
Apesar do sucesso, O Agente Secreto não levou a Palma de Ouro, que foi concedida ao suspense iraniano It Was Just an Accident, dirigido por Jafar Panahi.
O filme brasileiro, no entanto, vem sendo aclamado desde sua estreia mundial, em 18 de maio. A première recebeu 13 minutos de aplausos de pé, e o longa rapidamente conquistou 100% de aprovação no Rotten Tomatoes, agregador de críticas especializado. A Variety descreveu a produção como um “thriller maravilhoso”.
Ambientado no Recife dos anos 1970, O Agente Secreto é o terceiro longa de Kleber Mendonça Filho a concorrer ao prêmio máximo de Cannes — depois de Aquarius (2016) e Bacurau (2019). No filme, Moura interpreta Marcelo, um especialista em tecnologia que retorna à sua cidade natal buscando paz, mas acaba confrontado por um cenário de opressão e segredos sombrios em plena ditadura militar.