Uma das intérpretes mais marcantes da música brasileira, Nana Caymmi faleceu nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pelo irmão e também cantor Danilo Caymmi, por meio das redes sociais. A artista estava internada há nove meses na Casa de Saúde São José, onde deu entrada com um quadro de arritmia cardíaca e enfrentou uma série de complicações desde então.
“É com muito pesar que eu comunico o falecimento da minha irmã Nana Caymmi. Estamos, é lógico, na família, todos muito chocados e tristes. Mas ela passou nove meses sofrendo em hospital e UTI com várias comorbidades”, declarou Danilo em um vídeo emocionante. Segundo informações do jornal O Globo, Nana sofreu recentemente uma “overdose de opioides” após uma infecção óssea.
Filha do lendário compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana nasceu Dinahir Tostes Caymmi e teve contato com a música desde a infância. Seu apelido, “Nana”, surgiu do cantarolar de “nana, neném”. Sua primeira gravação foi aos 20 anos, interpretando Acalanto, composta pelo pai especialmente para ela. Desde então, trilhou uma carreira marcada por interpretações profundas e emocionadas, como em Resposta ao Tempo, um de seus maiores sucessos.
Seu primeiro álbum solo foi lançado em 1965, após retornar ao Brasil, onde viveu uma fase conturbada da vida pessoal. Aos 19 anos, casou-se com o médico venezuelano Gilberto José Aponte Paoli e mudou-se para Caracas. Quatro anos depois, cansada das traições do marido, voltou ao Brasil com as filhas Stella e Denise e grávida do terceiro filho, João Gilberto. A decisão gerou um afastamento com o pai, que reprovava a separação. “Ele me rejeitou, ficou sem falar comigo por anos. Achava que lugar de mulher era ao lado do marido. Eu só queria que meus filhos tivessem uma mãe feliz”, contou em entrevista à revista Quem, em 2012.
Ao lado dos irmãos Dori e Danilo, também músicos, participou de projetos marcantes, como Caymmi Visita Tom e Leva Seus Filhos Nana, Dori e Danilo, de 1964, que unia o legado da família ao talento de Tom Jobim. Com uma trajetória sólida e sem concessões às modas do mercado, Nana construiu um repertório respeitado, admirado por gerações e elogiado pela crítica.
“O Brasil perde uma grande cantora e uma das maiores intérpretes que já viu de sentimento e de tudo”, disse Danilo, emocionado. O legado de Nana Caymmi permanecerá vivo na memória musical do país, com sua voz inconfundível e presença marcante nas canções que atravessam décadas.