Nesta semana, Lilia Cabral deu início a um novo desafio em sua carreira ao estrear como Maristela, a grande vilã de ”Garota do Momento”, novela das 18h da Globo, escrita por Alessandra Poggi. Com 67 anos, a atriz interpreta uma personagem responsável pelas maiores intrigas da trama ambientada no final dos anos 1950, no Brasil. Apesar de experiente, Lilia revela sentir certo desconforto ao encarnar uma figura tão intensa e malévola. “É mais um personagem com o qual a gente aprende, porque estou me digladiando com as minhas cenas. Quanto mais tenho o meu desconforto, mais tenho vontade de acertar”, confessa.
A novela de época traz à tona desafios próprios para o elenco, principalmente pela ambientação em 1958, que exige dos atores uma postura que reflita o passado, mas que dialogue com os temas ainda presentes em 2024. “Ela cria desafios para todos nós atores, principalmente por conta de como você se comporta dentro do ano de 1958, contando no ano 2024 e tendo a possibilidade de dizer as mesmas coisas que um dia falou no passado e continua falando no presente. Então, a novela basicamente mostra que muita coisa infelizmente não mudou”, comenta Lilia. A atriz descreve Maristela como uma “vilã deliciosa”, ressaltando que a complexidade da personagem é enriquecida pela ambientação histórica, que exige nuances específicas em cada cena.
Para Lilia, personagens com tons de vilania têm um papel especial ao proporcionarem ao público uma chance de refletir sobre atitudes e valores. “Dentro desse arquétipo de matriarca, que cuida de uma família e tem muito poder e dinheiro, vai se mostrando também a qualidade dos sentimentos. Esse personagem está ali para administrar isso e para muita gente entender o que vale e o que não vale à pena, as coisas que mudaram e as coisas que não mudaram”, explica a atriz.
Com uma carreira consolidada na TV, Lilia Cabral já interpretou inúmeros papéis marcantes, mas Maristela representa uma rara oportunidade de “brincar” com a vilania sem restrições. A atriz lembra que sua primeira grande vilã foi Marta, em ”Páginas da Vida” (2007), papel que lhe rendeu uma indicação ao Emmy Internacional. “Desde que entrei na televisão, pensava como posso provar que sei ser ruim ou ser amarga, que não sou só divertida. Até então, tinha feito muitos personagens divertidos. Passou o tempo e todo mundo entendeu que não sou só divertida, posso ser outras coisas também”, relembra.
Com Maristela, Lilia Cabral promete mais uma atuação inesquecível, mostrando ao público que o papel de vilã é mais do que ser má: é sobre explorar as facetas complexas de sentimentos humanos que nem sempre vêm à tona. A cada cena, a atriz reafirma sua versatilidade e entrega uma vilã que, apesar dos males que causa, também oferece reflexões profundas sobre valores, poder e o que mudou – ou permanece igual – ao longo dos anos.