No último sábado (9), Jorge Aragão, aos 75 anos, marcou um novo e emocionante capítulo em sua trajetória no palco do festival Afropunk, em Salvador, Bahia. Em um show memorável, o sambista consagrado levou o público a uma viagem intensa por seus mais de 50 anos de carreira, com uma performance recheada de clássicos, autenticidade e gratidão. A noite começou com uma homenagem especial do Flamengo, time de coração do cantor, que o presenteou com uma camisa comemorativa estampada com a letra de sua icônica música “Identidade”. “É um momento de reafirmação, mas pra mim tem outro sentido totalmente diferente. No mês de novembro completa um ano que terminei minha quimioterapia. É muita coisa isso”, revelou Aragão em entrevista exclusiva à Quem.
Diagnosticado em 2023 com Linfoma não Hodgkin, um tipo de câncer que afeta o sistema linfático, Aragão passou por um período de grande desafio, mas que não tirou seu brilho nem sua paixão pela música. “Eu tenho muita consciência de tudo o que aconteceu. Principalmente buscando o que é mais difícil pra mim hoje, entender como é que esse meu autoral alcançou essa visibilidade. Meus sambas estão aí há muitos anos. ‘Malandro’, que cantei aqui, compus há 56 anos. O que é que vai falar disso? Ver todo mundo cantando comigo não tem preço. Só tem gratidão. É a única coisa que sinto neste momento”, compartilhou emocionado.
O show de Jorge Aragão foi um dos pontos altos do Afropunk, o maior evento de cultura negra afrodiaspórica do mundo, que também aborda temas como a luta contra o racismo e a valorização da representatividade. Para o cantor, a oportunidade de participar do evento vai além da performance musical, sendo um momento de reafirmação e resistência. “Hoje, estar pisando aqui no Afropunk é… Saber que é uma outra luta, uma outra batalha na minha vida. Do lado da representatividade, do lado do grito de que nós temos de ser mais respeitados. Porque a gente tem tudo pra movimentarmos esse país e o mundo. E mesmo assim ainda somos espezinhados”, declarou, reforçando seu compromisso com a cultura e a luta por justiça e igualdade.
Em meio a aplausos e aclamações, Aragão celebrou o convite para participar de um evento tão significativo, refletindo sobre a longevidade de sua carreira e a surpresa ao perceber que, mesmo após tantos anos, sua presença ainda é requisitada em grandes festivais. “Há 75 anos, creio que não preciso provar mais nada pra ninguém, e fico muito surpreso por ainda ser convidado para um evento como esse. Parece que estou começando minha vida agora. É meio assim, estou começando minha carreira”, concluiu.