No prefácio de “A Paixão Segundo G.H.”, publicado há 60 anos, Clarice Lispector expressou o desejo de que seu livro fosse lido “apenas por pessoas de alma já formada”. Em uma entrevista à CNN, Maria Fernanda Cândido, protagonista do filme baseado na obra de Clarice, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (11), explicou sua interpretação desse comentário da autora: “Ela ficaria contente se esse livro fosse lido por pessoas com uma certa sensibilidade”.
“Clarice diz no prefácio que precisou passar pelo oposto daquilo que ela pretendia alcançar para chegar aonde precisava. Quando você fala isso, você já está contando com um leitor sensível, que vai topar percorrer esse oposto com ela”, comentou Maria Fernanda. “E eu acho que o livro precisa desse ‘sim’ do leitor, assim como o filme precisa desse ‘sim’ também do espectador.”
Leitora de Clarice desde a época da escola, Maria Fernanda lembra que leu “A Paixão Segundo G.H.” pela primeira vez em 2002, pouco antes de completar 30 anos, após ganhar o livro de presente do diretor do filme, Luiz Fernando Carvalho. “Eu me lembro de ter ficado super impressionada com o livro e de ele ter mexido muito comigo. Foi um impacto forte. Nunca poderia imaginar que um dia ele se transformaria num filme, muito menos que eu iria fazer a personagem de G.H.”, disse.
“A Paixão Segundo G.H.” traz Maria Fernanda Cândido no papel principal, sob a direção de Luiz Fernando Carvalho. Baseado na obra de Clarice Lispector, o filme chega aos cinemas brasileiros em 11 de abril.
Um dos cartazes do filme foi criado especialmente pela artista plástica Mariana Valente, neta de Clarice Lispector, e seu coletivo de colagens.