Mariana Xavier condena cobrança por felicidade obrigatória

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Mariana Xavier, aos 43 anos, aprendeu a se acolher emocionalmente ao longo do tempo. Estrela do espetáculo “Antes do Ano Que Vem”, que aborda saúde mental e fez uma temporada de sucesso no Rio de Janeiro, com ingressos esgotados no último fim de semana, a atriz já enfrentou muitos altos e baixos, mas hoje se sente em outro estágio emocional.

“Hoje me sinto acolhendo muito melhor os meus altos e baixos. Mas acho que, mesmo quem é bem resolvido com a questão da tal cobrança pela felicidade obrigatória, eventualmente se sente cobrado a ser feliz o tempo todo, como se o mundo não estivesse preparado para sermos honestos com nossos sentimentos”, avalia. No espetáculo, escrito por Gustavo Pinheiro, com direção de Ana Paula Bouzas e Lázaro Ramos, e direção de movimento de Márcio Vieira, Mariana interpreta sete mulheres, cujas histórias estão conectadas através da Central de Apoio aos Desesperados (CAD), uma referência a atendimentos telefônicos voluntários que buscam ajudar em situações críticas.

A peça também aborda questões fundamentais para a sociedade contemporânea, como solidão, empatia, solidariedade e a nova ditadura de felicidade imposta pelas interações virtuais. “O humor abre portas para novas percepções do mundo. Vivemos em um tempo em que rir é o primeiro remédio para as nossas mazelas. Com este texto e o grande talento de Mariana, damos um salto além no humor atual que fala das mulheres”, afirma o diretor Lázaro Ramos.

Quando questionada sobre como lida com as imposições do mundo em que vivemos e se já se sentiu obrigada a ser feliz, Mariana compartilha sua experiência pessoal: “Hoje me sinto acolhendo muito melhor os meus altos e baixos. Mas acho que, mesmo quem é bem resolvido com a questão da tal cobrança pela felicidade obrigatória, eventualmente se sente cobrado, como se o mundo não estivesse preparado para sermos honestos com nossos sentimentos. Ter coragem de dizer que não está bem, que não está plenamente feliz, principalmente quando se tem uma vida que, para a maioria das pessoas, pode parecer uma vida perfeita é andar na contramão do mundo.

Mas foi muito uma postura que escolhi como figura pública: desconstruir essa ideia da vida perfeita da celebridade, do universo paralelo em que tudo dá certo. Em 2017, quando tive minhas primeiras crises de ansiedade e botei um pé na depressão, me culpei muito porque era um período em que todos os meus grandes sonhos de criança estavam sendo realizados. Estava fazendo novela, a ‘Dança dos Famosos’, estava em um momento excelente e, ainda assim, sentia uma angústia, um vazio que não sabia explicar. Acho importante e necessário falarmos sobre isso. Não podemos nos permitir sucumbir a essa cobrança porque o que sobra não substitui o que falta.”

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